Sistemas de Informação Gerencial
Relatórios Analíticos para Apoio a Decisão
Sistemas de Informação Gerencial
Relatórios Analíticos para Apoio a Decisão
Introdução
Os sistemas de informação nas organizações passaram grande transformação desde seus primórdios, quando eram focados principalmente no processamento de transações operacionais, até os sistemas gerenciais que conhecemos hoje, capazes de fornecer relatórios para apoiar a tomada de decisões em todos os níveis organizacionais.
Os Sistemas de Informação Gerenciais (SIG) constituem uma rede integrada de subsistemas desenvolvidos segundo um esquema coeso para desempenhar as atividades organizacionais. Do ponto de vista técnico, um SIG pode ser definido como um conjunto de componentes interligados que coletam, processam, armazenam e distribuem informações para apoiar as funções de planejamento, controle e tomada de decisão operacional. A arquitetura técnica de um SIG é fundamentada no conceito de hierarquia de sistemas, onde cada subsistema representa uma unidade funcional que processa entradas específicas e gera saídas determinadas. Estes subsistemas são interconectados de forma que as saídas de um possam servir como entradas para outros, criando um fluxo contínuo de informações através da organização. Um aspecto técnico fundamental na arquitetura dos SIG é a integração de subsistemas. Esta integração não se limita à simples conexão entre componentes, mas envolve a criação de um todo coerente onde as interdependências e interações entre os subsistemas são mais relevantes que os próprios componentes isolados. Como destacado por Bratz (1971), "as interdependências e as interações entre os componentes de um sistema são mais importantes que os próprios componentes".
Definição e Conceito
O Sistema de Informação Gerencial, conhecido como SIG, é uma estrutura organizada que utiliza recursos de hardware, software, pessoal, processos e dados para fornecer informações e suporte na tomada de decisões em uma empresa. Desenvolvido para coletar, armazenar, processar e disponibilizar informações relevantes para os gestores, o SIG é essencial para fornecer dados precisos e oportunos que apoiam a tomada de decisões eficazes.
Diferentemente dos sistemas transacionais, que se concentram no processamento de operações diárias, os SIGs são projetados para extrair e organizar dados de várias fontes, transformando-os em informações significativas que podem ser utilizadas pelos gestores para planejar, controlar e tomar decisões estratégicas.
Tipos de relatórios:
▪ Periódicos: Gerados em uma agenda preestabelecida (diariamente, semanalmente).
▪ De Exceção: Gerados apenas quando algo sai da normalidade (acima ou abaixo do esperado), sendo mais propensos a serem lidos.
▪Ad hoc: Relatórios não planejados, produzidos sob demanda para obter informações adicionais sobre uma situação, problema ou oportunidade
Características Principais
Coleta de dados precisos: O sistema reúne informações confiáveis de diversas fontes, assegurando a confiabilidade dos dados para decisões acertadas.
Processamento e análise de dados: Após a coleta, o SIG analisa informações para identificar padrões e tendências, facilitando a compreensão do desempenho atual e antecipando cenários futuros.
Acesso rápido e fácil às informações: Um SIG eficiente oferece acesso rápido a dados relevantes, permitindo decisões ágeis e bem fundamentadas.
Customização e flexibilidade: Ele possui a capacidade de adaptar relatórios e análises às necessidades de diferentes setores, atendendo a demandas variadas e a diferentes níveis de gestão.
Integração de dados de diferentes fontes: O sistema combina informações de várias áreas da empresa, fornecendo uma visão completa e ampla das operações e do desempenho empresarial.
Orientação para níveis táticos e estratégicos: Enquanto os sistemas transacionais atendem ao nível operacional, os SIGs são projetados para atender às necessidades de informação dos níveis tático e estratégico da organização.
A estrutura arquitetural de um SIG típico inclui
Camada de Entrada de Dados — Responsável pela captura e validação inicial dos dados provenientes das operações organizacionais.
Camada de Processamento — Executa as transformações necessárias nos dados, aplicando regras de negócio e procedimentos predefinidos.
Camada de Armazenamento — Gerencia o armazenamento persistente dos dados em bancos de dados relacionais, geralmente normalizados para operações transacionais.
Camada de Saída — Responsável pela geração de relatórios, consultas e visualizações para os usuários finais.
Infraestrutura Tecnológica
Recursos de Hardware: Os SIG tradicionais foram inicialmente desenvolvidos para operar em mainframes centralizados, evoluindo posteriormente para arquiteturas cliente-servidor. Os requisitos de hardware incluem servidores de processamento com capacidade para gerenciar múltiplas transações simultâneas, dispositivos de armazenamento com redundância para garantir a integridade dos dados e equipamentos de entrada/saída para interação com os usuários.
Recursos de Rede: A infraestrutura de rede em SIG evoluiu de conexões ponto-a-ponto para redes locais (LANs) e, posteriormente, para arquiteturas distribuídas. Os protocolos de comunicação devem garantir a confiabilidade na transmissão de dados, com mecanismos de detecção e correção de erros, especialmente críticos para operações transacionais.
Recursos de Software: O núcleo de software de um SIG inclui sistemas gerenciadores de bancos de dados relacionais (SGBD) otimizados para processamento transacional, middleware para integração de aplicações, sistemas operacionais com suporte a multiprocessamento e aplicações específicas para as funções organizacionais. Os SGBD utilizados em SIG são configurados para garantir as propriedades ACID (Atomicidade, Consistência, Isolamento e Durabilidade) das transações.
Recursos Humanos: A equipe técnica necessária para implementação e manutenção de SIG inclui administradores de banco de dados, desenvolvedores de aplicações, analistas de sistemas e especialistas em infraestrutura. A complexidade técnica dos SIG exige profissionais com conhecimentos específicos em processamento transacional e integração de sistemas.
Recursos de Dados: Os dados em SIG são tipicamente estruturados em modelos relacionais normalizados, organizados para minimizar redundâncias e otimizar operações de inserção, atualização e exclusão. Os esquemas de banco de dados são projetados para refletir as entidades e relacionamentos do domínio operacional da organização.
Captura de Dados: Os dados são coletados a partir de transações operacionais, como vendas, compras, movimentações de estoque e registros de produção. Esta captura ocorre através de interfaces de entrada padronizadas, com validações para garantir a integridade dos dados.
Validação e Verificação: Os dados capturados passam por processos de validação técnica, que incluem verificações de tipo, formato, intervalo de valores e consistência com regras de negócio predefinidas.
Processamento: Os dados validados são processados através da aplicação de algoritmos e regras de negócio específicas, que podem incluir cálculos, agregações simples e transformações baseadas em lógica predefinida.
Armazenamento: Os resultados do processamento são armazenados em bancos de dados relacionais, organizados em tabelas normalizadas com índices otimizados para operações transacionais.
Recuperação: Os dados armazenados são recuperados através de consultas SQL predefinidas, geralmente otimizadas para recuperação de registros individuais ou pequenos conjuntos de dados relacionados.
Apresentação: As informações recuperadas são formatadas em relatórios padronizados, telas de consulta ou documentos estruturados para consumo pelos usuários finais.
Funcionamento dos SIG
Entrada de dados: Coleta de dados de várias fontes, como transações, interações de usuários, sensores, entre outros.
Armazenamento e organização: Os dados coletados são armazenados em um banco de dados centralizado ou em vários locais, organizados e estruturados para facilitar o acesso e a busca.
Processamento e análise: Os dados passam por processos de limpeza, transformação e análise para identificar padrões, tendências e informações relevantes.
Geração de relatórios e saída de informações: Relatórios e dashboards são gerados para apresentar informações relevantes para gestores e equipes.
Distribuição e acesso: Relatórios e informações são compartilhados com os times e gestores por meio de interfaces amigáveis e acessíveis.
Uso e decisão: Com base nos relatórios fornecidos pelo SIG, os gestores tomam decisões mais assertivas e estratégicas.
Importância para as Organizações
Automatiza processos, aumentando a eficiência e produtividade.
Oferece análises históricas para orientar metas e estratégias de longo prazo.
Permite identificar e corrigir ineficiências rapidamente.
Antecipa mudanças no mercado, mantendo a empresa competitiva.
Ajuda a compreender e atender às suas necessidades.
Identifica oportunidades de otimização, reduzindo custos operacionais.
Etapas Históricas da Evolução
1900-1950
Controle Financeiro e Orçamentário
O mais antigo sistema gerencial, que consistia no planejamento da produção com foco na lucratividade no curto prazo (1 ano). Na primeira metade do século XX, a preocupação principal da nascente Administração de Empresas se voltava às questões de melhoria da eficiência na produção. A mentalidade dominante favorecia o "estilo incremental", ou seja, pequenas melhorias eram preferidas às grandes mudanças ou rupturas.
Década de 1950
Planejamento de Longo Prazo
Na década de 1950, foi desenvolvido o Planejamento de Longo Prazo, que se baseava em um prognóstico de vendas para 5 anos. Este sistema representou uma expansão do horizonte temporal do planejamento, permitindo às empresas pensar além do ciclo anual e desenvolver estratégias mais duradouras.
Década de 1960
Planejamento Estratégico por Negócio
Na década de 1960, o aumento da competitividade e a redução da taxa de crescimento econômico forçaram a diversificação dos negócios e o foco da atenção para o ambiente externo. O conceito de estratégia é aplicado pela primeira vez com a criação das Unidades Estratégicas de Negócio (UENs), permitindo que diferentes áreas de negócio desenvolvessem suas próprias estratégias.
Década de 1970
Planejamento Estratégico Corporativo
O Planejamento Estratégico Corporativo surgiu na década de 1970, propondo uma nova divisão organizacional em três níveis: estratégico, tático e operacional. Este sistema buscava integrar as estratégias das diferentes unidades de negócio em uma visão corporativa coerente, alinhando os objetivos de toda a organização.
Décadas de 1980 e 1990
Administração Estratégica
Nas décadas de 1980 e 1990, surge a Administração Estratégica, uma abordagem cuja principal inovação é a valorização do fator humano como determinante para o sucesso da estratégia. Esta abordagem integra o planejamento com as demais funções administrativas, reconhecendo que a implementação bem-sucedida da estratégia depende do engajamento e do comprometimento das pessoas.
Integração entre Sistemas Transacionais e Gerenciais
A relação entre sistemas transacionais e gerenciais não é de substituição, mas de complementaridade. Os sistemas transacionais continuam sendo fundamentais para o registro e processamento das operações diárias, fornecendo os dados brutos que alimentam os sistemas gerenciais. Por sua vez, os sistemas gerenciais extraem, processam e analisam esses dados para fornecer informações estratégicas. Esta complementaridade permite que as organizações mantenham a eficiência operacional proporcionada pelos sistemas transacionais, enquanto obtêm os insights estratégicos oferecidos pelos sistemas gerenciais.
Fluxo de Dados dos Sistemas Transacionais para os Gerenciais
Captura de dados: Os sistemas transacionais registram as operações diárias, gerando dados detalhados sobre cada transação.
Extração e transformação: Os dados são extraídos dos sistemas transacionais, limpos, transformados e padronizados para uso nos sistemas gerenciais.
Carregamento em data warehouses: Os dados transformados são carregados em repositórios centralizados (data warehouses) projetados para análise.
Processamento analítico: Os sistemas gerenciais utilizam técnicas de processamento analítico para identificar padrões, tendências e relações nos dados.
Geração de informações gerenciais: Os resultados das análises são apresentados em forma de relatórios, dashboards e visualizações que apoiam a tomada de decisões.
Desafios na Integração
Qualidade dos dados: Garantir que os dados dos sistemas transacionais sejam precisos, completos e consistentes é fundamental para a eficácia dos sistemas gerenciais.
Compatibilidade tecnológica: Sistemas desenvolvidos em diferentes épocas ou plataformas podem apresentar problemas de compatibilidade que dificultam a integração.
Volume de dados: O crescente volume de dados gerados pelos sistemas transacionais pode sobrecarregar os processos de extração, transformação e carregamento.
Tempo real vs. processamento em lote: Equilibrar a necessidade de informações em tempo real com a eficiência do processamento em lote é um desafio constante.
Segurança e privacidade: Garantir a segurança e a privacidade dos dados durante todo o fluxo de integração é uma preocupação crítica.
Benefícios da Integração Eficiente
Visão holística da organização: Permite uma visão completa e integrada das operações e do desempenho organizacional.
Decisões baseadas em dados: Fornece informações precisas e atualizadas para embasar as decisões em todos os níveis da organização.
Agilidade organizacional: Permite que a organização responda rapidamente a mudanças no ambiente de negócios.
Otimização de processos: Identifica ineficiências e oportunidades de melhoria nos processos organizacionais.
Vantagem competitiva: Proporciona insights que podem ser transformados em vantagem competitiva no mercado.
Tendências Atuais e Futuras
A evolução dos sistemas de informação continua, com novas tecnologias e abordagens emergindo constantemente. Algumas das tendências mais significativas incluem:
A proliferação de dispositivos móveis está transformando a forma como os gestores acessam e utilizam as informações gerenciais. Sistemas modernos oferecem interfaces responsivas e aplicativos móveis que permitem o acesso a informações críticas de qualquer lugar e a qualquer momento, aumentando a agilidade na tomada de decisões.
A crescente demanda por informações em tempo real está impulsionando o desenvolvimento de sistemas capazes de processar e analisar dados instantaneamente. Esta capacidade reduz o gap temporal entre a ocorrência de uma transação e sua análise gerencial, permitindo respostas mais rápidas a eventos e oportunidades.
A adoção da computação em nuvem está transformando a forma como os sistemas de informação são implementados e utilizados. Plataformas baseadas em nuvem oferecem flexibilidade, escalabilidade e acessibilidade, permitindo que organizações de todos os portes implementem sistemas gerenciais sofisticados sem a necessidade de grandes investimentos em infraestrutura.
O crescimento exponencial do volume, velocidade e variedade dos dados (Big Data) está impulsionando o desenvolvimento de novas técnicas e ferramentas de análise. Os sistemas gerenciais modernos são capazes de processar e analisar grandes volumes de dados estruturados e não estruturados, extraindo insights valiosos que antes seriam impossíveis de obter.
A incorporação de algoritmos de inteligência artificial e machine learning está transformando os sistemas gerenciais, permitindo análises preditivas e prescritivas que vão além das capacidades analíticas tradicionais. Estas tecnologias podem identificar padrões complexos nos dados, prever tendências futuras e recomendar ações específicas para otimizar o desempenho organizacional.
Limitações Técnicas dos SIG
Apesar de sua eficiência no processamento transacional, os SIG apresentam limitações técnicas significativas que restringem sua aplicabilidade para suporte à decisão:
Restrições de Processamento Analítico: Os SIG são otimizados para operações CRUD em registros individuais, mas apresentam desempenho inadequado para consultas analíticas complexas que envolvem agregações, junções múltiplas e análises multidimensionais.
Fragmentação de Dados: Em muitas implementações, os SIG evoluíram como sistemas departamentais isolados, resultando em silos de dados com esquemas heterogêneos, redundâncias e inconsistências.
Inflexibilidade para Adaptação: A arquitetura rígida dos SIG, com esquemas de dados predefinidos e processos de negócio codificados, torna complexas e custosas as adaptações a novos requisitos.
Limitações para Problemas Não Estruturados: Os SIG são projetados para processar transações bem definidas com regras claras e fluxos previsíveis, carecendo de capacidades para lidar com problemas semi-estruturados ou não estruturados.
Orientação para Dados Históricos Limitados: A infraestrutura de armazenamento dos SIG é dimensionada para manter dados operacionais recentes, com políticas de arquivamento que removem dados históricos dos sistemas ativos.
Estas limitações técnicas criaram a necessidade de sistemas mais avançados, capazes de superar as restrições dos SIG e fornecer suporte efetivo à tomada de decisões em todos os níveis organizacionais.
Conclusão
A evolução dos sistemas de processamento transacionais para sistemas de informação gerenciais representa um marco significativo na história da tecnologia da informação aplicada aos negócios. Esta transformação reflete não apenas o avanço tecnológico, mas também a mudança na forma como as organizações valorizam e utilizam a informação.
Os sistemas transacionais continuam sendo fundamentais para o registro e processamento das operações diárias, formando a base de dados que alimenta toda a infraestrutura de informação organizacional. No entanto, suas limitações em termos de capacidade analítica e suporte à decisão levaram ao desenvolvimento dos sistemas de informação gerenciais, que transformam dados operacionais em insights estratégicos.
A evolução histórica dos sistemas gerenciais, desde o Controle Financeiro e Orçamentário até a Administração Estratégica, demonstra como as organizações têm buscado constantemente aprimorar sua capacidade de utilizar a informação como recurso estratégico. Cada etapa dessa evolução trouxe novas capacidades e abordagens, respondendo às mudanças no ambiente de negócios e às crescentes demandas por informações mais sofisticadas e relevantes.
A integração eficiente entre sistemas transacionais e gerenciais é essencial para que as organizações possam aproveitar ao máximo o potencial de ambos. Esta integração permite que os dados operacionais sejam transformados em informações estratégicas, apoiando a tomada de decisões em todos os níveis organizacionais.
Olhando para o futuro, tendências como inteligência artificial, big data, computação em nuvem e análise em tempo real prometem continuar transformando os sistemas de informação, oferecendo novas capacidades e oportunidades para as organizações. A capacidade de adaptar-se a essas tendências e incorporar novas tecnologias será um fator crítico para o sucesso organizacional nos próximos anos.
Em um mundo cada vez mais digital e competitivo, a evolução dos sistemas de informação não é apenas uma questão tecnológica, mas uma necessidade estratégica. As organizações que conseguirem aproveitar efetivamente o potencial desses sistemas estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do ambiente de negócios contemporâneo.